sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Calor



Era uma linda manhã de sexta-feira ensolarada. Eu disse linda? Perdão. É força o hábito. Era uma manhã quente de sexta-feira.

Deve ter sido uma linda manhã para quem foi à praia pegar umas ondas e curtir um sol MA-RA-VI-LHO-SO que estava radiando milhões de kwats (talvez bilhões e só nas cidades do Rio de Janeiro e de Niterói). Para mim, um pobre mortal, foi apenas uma manhã quente.

Depois de caminhar até o banco e suar a camisa (literalmente), era hora de ir para o trabalho. Como uma sala escura, cheio de monitores e aparelhagens caras, poderia parecer tão aconchegante e maravilhosa para uma pessoa? A sala em questão, meu trabalho, tem ar condicionado!

No trajeto entre o banco e o ponto de ônibus, entrei em uma lanchonete-ponta-de-esquina–maljambrada-porcalhona. A desculpa: precisava recompor meus líquidos! Peguei uma garrafa de água pequena. Mas não me parecia o bastante. Como apenas 600ml poderia repor litros de água que ensopara minha linda blusa vermelha do Kill Bill?

Passei a mão na garrafa de um litro e meio. Despretenciosamente, andei pelas ruas e fui bebendo. Estranho como as pessoas me fitavam o tempo inteiro! É pecado ou falta de educação beber uma garrafa grande de água pelas ruas?

Enfim, continuei meu caminho feliz da vida e comecei a contar as pessoas que se estranhavam com aquilo. Uma menina. Uma mulher: dois. Dois caras feios: três e quatro. Outra mulher: cinco. Basicamente, todos que passaram por mim entre dois quarterões. Outra mulher: seis. Epa! Calma ae! Essa não pode me olhar com cara de assustada. Ela tinha cabelo meio roxo, meio preto, meio louro e completamente ressecado. Ainda usava piercings e estava de preto debaixo daquele calor! Aquela não! Aquela não podia me olhar com cara de espanto. Olhei de volta com mais cara de espanto ainda. Tipo: “alow, de que mundo brega desprovido de cabeleireiros e produtos hidratantes você veio?”.

Pronto. Me senti melhor e parei de contar as pessoas que encaravam minha linda garrafa de água mega hidratante e refrescante. Ao chegar ao trabalho, no conforto do meu ar condicionado, rezei três Aves Marias pedindo perdão pelo ar condicionado ligado ao máximo e conseqüente aumento aos problemas causados pelo Aquecimento Global.

*Nota do autor: Sim. Aquecimento Global deve ser escrito com letras maiúsculas. Ele é onipresente, potente e sei mais lá o quê. Para mim, já é digno de nome próprio.


2 comentários:

lipeburger disse...

vem cá, me conta, conhecendo vc como conheço, não tinha uma vodka misturadinha na garrafona de água não?

bruno bottino disse...

ih, pronto, mais um na blogação. vou lá botar teu link.

quêjo-bêjo.